A rápida industrialização e o avanço tecnológico criaram um ambiente para o qual nossa biologia, moldada ao longo de milênios, não foi projetada.
Essa é a conclusão de um novo estudo da Universidade de Zurique, que investigou se as transformações aceleradas do Antropoceno estão comprometendo a aptidão do Homo sapiens — em outras palavras, se o mundo atual está prejudicando a saúde física e mental da espécie.
Corpos ancestrais em um mundo hiperestressante
- Reunindo dados sobre urbanização, industrialização e saúde, os pesquisadores apontam sinais claros de que os humanos não tiveram tempo de se adaptar ao ritmo das mudanças do último século.
- Entre os indícios citados estão a queda nas taxas de fertilidade, o aumento de doenças inflamatórias e a escalada de problemas crônicos ligados ao estresse.
- Fatores modernos — do ruído urbano à poluição luminosa, passando por microplásticos, pesticidas, luz artificial, alimentos ultraprocessados e rotinas sedentárias — seriam fontes de estresse contínuo para corpos preparados para lidar apenas com ameaças pontuais.
“Nosso organismo reage a pressões diárias como se estivéssemos diante de predadores sucessivos”, explica Colin Shaw, líder do grupo de Ecofisiologia Evolutiva Humana, ao lado de Daniel Longman.
Essa ativação constante do sistema de estresse, sem tempo de recuperação, tem sido associada a transtornos de ansiedade, doenças crônicas e redução da expectativa de vida.
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Adaptação lenta, soluções urgentes
Embora reconheçam que a espécie possui grande plasticidade genética, os pesquisadores ressaltam que a adaptação biológica ocorre ao longo de milhares de anos — um prazo incompatível com a velocidade das mudanças atuais.
Por isso, defendem uma reaproximação com ambientes naturais e a criação de cidades mais saudáveis. “Precisamos tratar a natureza como uma intervenção essencial para a saúde”, afirma Shaw, destacando que decisões urbanas e ambientais devem levar em conta efeitos fisiológicos mensuráveis.
O estudo, publicado em Biology Reviews, reforça que repensar nossa relação com o ambiente pode ser fundamental para enfrentar os desafios de saúde do século XXI.

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